Quero e quero!

Passei uma semana agradabilíssima com pessoas igualmente agradáveis em uma cidade que foi minha e que agora me parece alheia apesar de eu ainda pertencer, de um modo ou outro, à ela. Participamos de um congresso muito bom e eu tive o prazer de ver, face to face, Luis Rufatto e Moacir Scliar. Bom o que eu quero contar é que saímos pra beber, o que é a melhor parte, e nessa conversa filosófica de botequim, regada a caipirinha e cerveja, falamos sobre: mulheres, carreira, homens e claro relacionamentos amorosos. Acho que estávamos bem divididas: 3 solteiras e 3 com  relacionamentos estáveis. Cheguei em casa e ouvi uma musica da Alanis que a tradução seria mais ou menos essa: coisas que eu quero em uma amante: namorado.
Bom como toda mulher que  em maior ou menos grau idealiza seu amado, eu elaborei a minha receita! HUAAUHAUHUHUHAUH.
Acredito que eu quero um príncipe (des)encantado pós-moderno. Ou como naquela fala famosa da personagem do Angeli, Rê Bordosa: A maioria das mulheres esperam o principe encantado, pra mim qualquer um em uma moto ta valendo!
Brincadeiras a parte: taí a lista!


Quesito número 1 = inteligência
que tipo de inteligência? racional, please.

Quesito número 2: Críticidade é imprescindível - e bem argumentada.. excêntricos não reflexivos não fazem minha cabeça

Quesito número 3: que tenha noção de ciências humanas - meu prato intelectual predileto

Quesito número 4: que goste de ler, ver filmes, arte em geral, e de preferência nada mainstream

Quesito número 5: um pinto bem legal e animadão

Quesito número 6: que goste de sexo, mas não se limite a pau pra dentro, nem as lendas de preliminares, técnicas ninja de sexo oral e posições do kama sutra
sexo é hobby pra mim, mais dedicação, sensibilidade, tato, olfato, bom humor, sedução, vamos erotizar o mundo!

Quesito número 7: que tenha bom humor (sarcástico, irônico e até meio goofy)


Quesito número 8: que não seja manipulado por imagens femininas da mídia - isso é disgusting


Quesito número 9: que respeite minha individualidade, minhas manias, meu mau humor, nem tente me colocar cabresto


Quesito número 10: que não detone minha auto estima

Quesito número 11: que seja companheiro

Quesito número 12: que saiba o que significa COMPROMISSO


Quesito número 13: uma pessoa responsável

Quesito número 14: se quiser morar comigo tem q dividir as tarefas

Quesito número 15: que tenha vida própria: hobbies, amigos, trabalho, etc.

Quesito número 16: se puder desenvolver uma atividade artística, política ou intelectual melhor ainda

Quesito número 17: se quiser ter filho comigo vai ter q saber educar e cuidar

Quesito número 18: que saiba viver paixão com o corpo, não com a cabeça romântica platônica - as coisas no terreno das idéias não têm limites.. difícil se relacionar assim

Quesito número 19: que instintos sexuais e desejos por outras pessoas não transformem o relacionamento num cavalo de batalha.


Me diverti muito fazendo essa lista. HUAHUAAHUAHA
 E entendi porque meus relacionamentos são um tanto quanto mal sucedidos, mas acho que idealizar faz parte da humanidade.


Enfim beijos e mais beijos.

Não sei escrever cartas, nunca escrevi uma, portanto,não sei como deveria começar. Se algum dia eu te escrevesse uma carta suponho que a maneira mais indicada, delicada e educada de começar, é primeiramente perguntar sobre você: como está? o que tem feita? quais os planos? Coisas assim.

Depois eu poderia te dizer como eu estou bem, como estou feliz e como não sinto sua falta. Essas coisas que a gente diz quando quer forçar uma cara de "superei".

Depois que eu falei de você e de mim acho que poderia falar de nós. Não a terceira pessoa do plural ,e sim aqueles nós de marinheiros sabe quais? Então, eu poderia falar deles por horas a fio.

E quando você já estivesse completamente convencido de que eu não te escrevi uma carta de amor (ou saudade) eu poderia falar de nós, agora sim a terceira do plural, e dizer que esse ou aquele sentido cabem perfeitamente na nossa situação.E que queria muito(muito mesmo) que nós fôssemos como aqueles nós.

Tudo isso eu te diria e diria mais, diria que quando meu "eu lírico" se une ao seu "eu físico" todas as poesias, prosas  e palavras deixam de existir.

Infelizmente, eu já disse, eu não sei escrever cartas. 

Conto para mulherzinhas

Se conheceram em julho, sobreviveram agosto sem sequer lembrar da existencia do outro, se reesncontraram em setembro. Ah, a primavera! Não são só as flores que desabrocham, os corações também, você sabia? Eles não. 

 Se reencontram meio sem querer, querendo. Foram se investigando.

-Qual sua idade? Ela perguntou suspeitando que ele fosse mais novo, não era!

- Sua banda preferida? Quis ele saber, temendo que ela fosse "boba", depois de ouvir uma relação de nomes, argumentos e uma aula sobre a historia do punk, ele suspirou aliviado.

Ela acendeu um cigarro, faltavam as  palavras e um cigarro ocuparia alguns segundos entre uma tragada  e outra, ele sorriu ao dizer que gostava de meninas que fumavam, ela retrucou que era uma mulher. Se olharam e gargalharam.

Começaram a falar dos planos para o futuro e ela sentiu um estremecimento quando disse que queria ser P.h.d. e ele disse que também, era a primeira vez que um menino não lhe perguntava , Pehagaoquê?

Se olharam e suspiraram.

Deram as mãos sem perceber, enquanto ele ansioso perguntou  qual era o time que ela torcia, ela apreensiva disse que era grêmio, sorriram então aliviados.

Sairam de mãos dadas e foram começar outra história.

Lixo emocional.

Tenho que rever qual a imagem sobre mim que eu estou vendendo e se realmente é isso que eu sou.

Estou a ponto de dizer : Olha eu sou compreensiva, legal e o diabo a quatro mas não abusa.

Sim eu estarei pronta a ouvir todos os seus problemas, todas as suas conquistas mas por favor não me torture falando coisas que você sabe - deveria saber - que me magoam, e muito menos tente camufla-las, não tente fazer parecer que é brincadeirinha.

Posso e vou entender suas razões sempre mas não me obrigue a aceita-las. E não pense que eu estou "esperando" por ti, na real eu estou esperando por mim, se ainda não te mandei aputaqueopariu não é graças aos seus belos olhos e sim porque realmente acho que você é uma  daquelas pessoas especiais - tipo raro mesmo - e te quero em minha vida desse ou daquele jeito!

Sim estou confusa - isso se deve aos sinais que tu me da - estou perdida e estou de TPM.

Feminista,com toda razão!

Durante esses meus longos 22 anos  muitas foram as vezes que me perguntaram se eu era feminista.
E quando eu questionava o porquê com algumas pequenas variações a resposta era a seguinte: Ah, sei lá tu tem "cara de feminista".
Mas gente, como é a cara de uma feminista?
Será a cara abaixo? 



Enfim, isso aguçou a minha curiosidade e fui ler sobre e é claro me identifiquei.
Agora me pergunto: será que eu me descobri ou me tornei uma feminista?
O fato é que eles tinham razão.

Leminski

Boia fria do texto

 Trovador apaixonado

   Cançonetista

Apanhador de arrepios acrobatas.

Hoje ele teria completado seus 64 anos, mais de meio século da mais pura modernidade. Sinto como se ele ainda não tivesse o reconhecimento que merece.
Este escritor  paranaense polaco e mulato,  é atualmente a maior paixão dessa igualmente mulata, mameluca, cafuza e confusa paranaense.



"Se algum dia eu tiver que ser lembrado por alguma coisa, quero ser lembrado pela minha produção poética. Para mim, o resto é resto."

Quando eu tiver setenta anos.

Ontem à noite entre uma cerveja e um café um amigo e eu falávamos sobre a nossa adolescência, sobre quando nós estávamos na nossa fase “living lá vida loca” e foi estranho perceber que tudo que nós fazíamos e que gostávamos ainda está muito presente. Costumo ouvir Ramones e Patti Smith  com a mesma ansiedade dos meus 15 anos(se bem que essa semana Emilie Simon e Cat Power não dividiram espaço com ninguém) pinto as unhas de vermelho me achando a subversiva( acho que é porque um primo meu dizia que mulher direita não usa unha comprida e vermelha)e adoro me maquiar e fazer shows de rock para o espelho(nessa minha fantasia eu sempre canto com Janis, Courtney e ultimamente com Fernanda Takai). Enfim me sinto tão imatura e por vezes inocente se comparada a maioria das minhas amigas que já se casaram e (ou) são mães, é que eu ainda não sai da minha adolescência e seguindo a lógica de Leminski eu tenho no mínimo mais um 50 anos.

 

Quando eu tiver setenta anos

Paulo Leminski

Quando eu tiver setenta anos
então vai acabar esta adolescência
vou largar da vida louca
e terminar minha livre docência
vou fazer o que meu pai quer
começar a vida com passo perfeito
vou fazer o que minha mãe deseja
aproveitar as oportunidades
de virar um pilar da sociedade
e terminar meu curso de direito
então ver tudo em sã consciência
quando acabar esta adolescência
de "Caprichos e relaxos"

Dosed

Estou sentindo muito medo de mim nesse instante, medo das coisas que eu fiz, faço e das que tenho certeza que faria.

Gostaria de usar todo esse meu empenho e perseverença em algo que realmente fosse construtivo!

Acho que eu preciso de um emprego novo, uma vida nova... uma nova cor de cabelo? Aaaah esse eu já mudei (curar não cura, mas remedia).

Ponto / Porto Seguro.

Ai meu bem, essa sua presença esporádica só aumenta minha saudade constante!

Confeso que he vivido.

Confesso que viver, ultimamente, tem me soado cansativo, enfadonho, repetitivo e desnecessário.
Confesso que estou com crise de tesão, apesar de toda a discursividade otimista que carrego.
Confesso que não sofri com meus últimos desamores e por não ter sofrido, sofro.
Confesso ainda. que me identifico com todas as características do transtorno de personalidade anti-social. E portanto se vc me disser que sofre, eu provavelmente não sentirei comiseração ou compaixão alguma.

E o bom e velho gosto de romance antigo é sempre bom de recordar.

"Lembro cada beijo que eu te dei!
Eu lembro cada beijo que eu te dei!
Só pra lembrar, só pra lembrar, só pra lembrar - mais um!"

(Bidê ou Balde)

Sempre soube que é natural as pessoas se encontrarem e se perderem, sei que os reencontros são sempre carregados de ansiedade, medo... medo de que a pessoa não seja mais a mesma, medo que ela não tenha mudado nem um pouquinho, desejo fulminante que ela veja que tu mudou mas que ainda conserva as" coisas" que ela curtia.

Gosto de reencontros, gosto principalmente quando é de fato um novo encontro!

As mesmas expectativas, só que diferentes sensações.

When I Grow Up

(Garbage)

When I grow up I'll be stable
When I grow up I'll turn the tables.

Nem preciso dizer mais nada, não é mesmo?!

(Pseudo)Férias.

Minhas férias estão quase no fim... e eu não tenho nada de interessante para lembrar!

Apenas coisas ruins aconteceram por aqui, não diretamente mas machucam do mesmo modo.

Me pergunto, por quê algumas pessoas simplesmente continuam... o que as leva a aceitar a mediocridade de suas vidas( sim, eu acho que elas são podres e me sinto superior)...

Eu tenho conciência da minha pouco ou quase inexistente "notoriedade", eu quero e serei diferente.

Diferente deles e do que eu sou agora.

"você não sabe como tentei me interessar pelo desinteressantíssimo..."

Verborragia.

Uso esse espaço pra desabafar (admito), uso-o como uma espécie de “lixeira emocional” mas eu preciso exercer minha verborragia.Tenho me sentido como a personagem protagonista do conto “Dama da noite” do escritor Caio Fernando Abreu, “COMO se eu estivesse por fora do movimento da vida. A vida rolando por aí feito roda gigante, com todo mundo dentro, e eu aqui parada, pateta, sentada no bar. Sem fazer nada, como se tivesse desaprendido a linguagem dos outros”.

Sabe aquela sensação de primeiro dia de aula, ou a espera na sala do dentista? Aquele medo misto de ansiedade, nervosismo, estranhamento e impotência. Acho que estou passando por uma crise tardia de “aborrecência”, se bem que já passei por muitas dessas crises sem maiores conseqüências.O que estou tentando dizer é que eu estou com medo de crescer, medo de ter que ir embora, medo de estar gostando de alguém, medo de perder minha tão adorada (e questionada) “estabilidade” emocional, estou com muito medo de ter que encarar a “vida” como a adulta, que em tese eu sou.Acho que isso poderia ser definido como “complexo de Peter Pan, certo?!”. Eu sempre soube, o que ia fazer, onde ia chegar, em resumo: quem eu ia ser. Em qual esquina, ou bar meu futuro brilhante se perdeu? Tenho bebido e fumado muito (não me orgulho), tenho dormido pouco e comido menos ainda, tenho buscado fugir de mim... me agarrando as coisas e as pessoas do passado..Gostaria de encontrar “a parte boa” do meu Eu. Queria que a Mirian e a Carla (dois lados muito diferentes da mesma moeda) por um instante só se unissem, pra que eu pudesse parar de buscar fragmentos nos outros que anulem essa minha fragmentação.


Eu só queria me deitar por um longo período no colo do meu pai (que está a 400 km daqui) ou do meu antigo namorado (enquanto ele diria: amor, eu estou aqui), só o colo da minha mãe já não é suficiente. E nessa ânsia desesperada de não me machucar de não deixar que me machuquem, machuco. E como no fim do já citado conto, quando estou fechada e sozinha no meu quarto, eu viro aquilo que sou: uma criança assustada.

E só me resta repetir tal qual um mantra: que seja doce! Vem funcionando.

Primeira pessoa do singular.

Sempre aos saltos, vestida de preto, ora dark, ora hippie, ora etérea, meio poetisa noturna, lunar, verborrágica e com extrema sensibilidade.
Sou o retrato vivo de todos os clichês do meu tempo.


ps: cansada do mundo e de seus ocupantes ;*